No momento em que olhei dentro de seus olhos quase negros minha vista foi se embaçando aos poucos e logo não consegui permanecer com as pálpebras levantadas. Seus braços me envolveram e quando suas mãos seguraram meu rosto com gosto fui tomada por uma longa e profunda respiração que me levantou os pêlos dos pés à cabeça. Insegura, naquele momento abri um pouco os olhos para certificar-me de que ele tinha entrado em sintonia com os meus pensamentos - seus olhos estavam fechados. Observei por alguns segundos a expressão de seu rosto – os traços estavam relaxados – e parecia esperar que eu desse o primeiro passo. Esperava-me sem contar o tempo que passava. A calmaria de seus olhos fechados me dizia que seus pensamentos rondavam à procura dos meus e quando nos encontrássemos já estaríamos em outro momento. Eu sabia exatamente o que fazer, sabia que o tinha em minhas mãos e que desse jeito ele desejava. Minha mocidade, sem muita experiência em relacionamentos, estava assustada. Mas acho que ele notou quando abriu de repente os olhos e fixou-os nos meus. Foi necessário apenas um instante - me perdi. Larguei todos os medos e inseguranças que podia ter até o momento. Senti seus batimentos cada vez mais pesados e freqüentes quando seus braços cobriam meu corpo e aqueciam meu peito. Dancei num breu, acordei num clarão. Quando meus olhos abriram novamente eu sabia - ele sabia - que nada seria, a partir de então, como fora antes.
- Ao som de All of me - Richard Poon.
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