16 março 2010

Adeus

- Existe uma linha delgada que separa os minutos antecedentes a parada respiratória e o apagar das luzes.
- Não...

Alberto desligou o telefone. Entrou rapidamente no carro, como quem busca refúgio. Com os olhos fixos no horizonte, sua noção de tempo foi congelada, e por alguns minutos permaneceu estático. Deparar-se com a morte de um ente querido é engolir as memórias reviradas. Não há retorno para sinais que cessaram.

Sem ruídos, ou movimento, a rua mal-iluminada pela noite escura era um mero cenário, dentro de um contexto desastroso. Ninguém, absolutamente ninguém, poderia ajudá-lo. Evidentemente, ele precisaria de um ombro amigo por alguns dias, meses ou, talvez, anos. Mas, mesmo que um amontoado de pessoas o visitasse, constantemente, seria praticamente impossível desligá-lo de si. Quando fossem embora, as noites seriam sempre as mesmas, a mensagem de terça-feira, os resmungos de sábado.

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