Ela despertou
com dificuldade ao observar que as nuvens cinzentas encobriam o sol. Embora
tivesse chovido a madrugada inteira, não havia indícios de que fosse cessar tão
cedo. Eram quase nove horas da manhã, entretanto, pela falta de expressividade
do dia, se não houvesse um despertador por perto ela julgaria que ainda eram
seis ou seis e meia. “Dia triste”, pensou consigo. Deixou a cama após conferir
o horário e caminhou em passos leves até a geladeira. Foi em busca de algum
biscoito para adocicar sua boca amarga e repor a falta de glicose. Já era um
costume rotineiro pôr algo doce na boca antes de preparar o café da manhã.
Pegou algumas torradas, pôs sobre elas um pedaço de queijo prato e colocou-as
no micro-ondas. Enquanto preparava o café, sua mente processava lembranças
tristes. O dia anterior não tinha sido dos melhores e os próximos também não
prometiam divertimento ou distração.
Ainda que a
saudade apertasse, não queria voltar atrás em sua decisão, sua racionalidade
não permitiria. Voltar, arrepender-se do caminho tomado, não mudaria a
situação, apenas amenizaria temporariamente uma sensação de solidão já
presenciada. Novamente, os pensamentos confusos reapareceriam e a solução seria
fugir de todo o conflito. Isto é, a história precisaria ser finalizada e ponto
final. Ou então, a água continuaria a derramar-se sobre suas mãos como
costumava acontecer... Os periódicos dias cinzentos.
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