29 dezembro 2009

Vinte e oito de dezembro...

Completar dezenove anos me deixou com uma sensação estranha...

25 dezembro 2009

Minha janela, não.

A minha janela não tinha muito mais do que seis palmos de largura. Era uma janela de vidro que me possibilitava ver o cenário do lado de fora. Vendo de onde eu estava vendo podia-se enxergar três edifícios, duas casas, a cabeça de algumas árvores e uma rua não muito estreita ainda não-asfaltada e com terra seca devido ao incessante sol. O movimento da rua também não era lá essas coisas. Se não fosse pela tonalidade "alegre" do ambiente eu diria que o lugar era deserto. E de alguma forma parecia ser quando a monotonia não era quebrada com a passagem de algum ciclista ou carro pela paisagem que eu andara observando. E para falar a verdade... Nem tinha tanta graça assim. Se eu movimentasse meu corpo o cenário se modificaria aos poucos, dependendo da inclinação eu poderia perder toda a visão do local, ficado às cegas sobre o que poderia ocorrer. Mas ainda sim escrever sobre essa paisagem era a melhor coisa que eu poderia fazer no momento.

21 dezembro 2009

Vomitando palavras

Costumamos viver como se houvesse uma eternidade pela frente. Não faço a mínima idéia de onde surgiu essa comodidade humana de que as coisas podem ser adiadas. Sugiro que a resposta esteja na preguiça, quem sabe no medo ou na falta de noção da própria existência e das cegueiras que o mundo, a mídia, o mundo, provoca.

- É tão bom, não é?

Viver como se fosse imortal, adiando escolhas, adiando tudo simplesmente por não ser a “hora” certa de acontecer.

- E quando é que é? Pode me passar um calendário, por favor?

Como se houvesse uma seqüência lógica para vida e que ela não foge a rotineira e ridícula - isso mesmo, ridícula – idéia de que quem tentar fazer diferente é errado. Para alguns parece ser preocupação demais, mas pensar que somos vulneráveis talvez nos torne mais humanos para tratar os demais e a nós mesmos.

Utd - Parte I

Venho algum tempo, poquíssimo tempo, escrevendo o texto abaixo. A história já possui um título provisório, porém, afim de não apressar as coisas resolvir colocá-lo aqui como Utd que seria na verdade "untitled". Não há muitas reviravoltas, nem fortes emoções, até porque é um texto ainda incompleto, mas busco apresentar algumas situações rotineiras de uma garota que por enquanto também permanece sem nome. Enfim, sem mais demoras, gostaria que ao término deixassem comentários, críticas construtivas, se possível...

Utd - PARTE I

Acordei no meio da madrugada com as luzes do corredor já acessas e alguns resmungos de minha mãe que tentava acordar meus dois irmãos, no outro quarto, que ainda queriam permanecer dormindo. O céu ainda escuro me deixava com mais preguiça de levantar, mas sabendo que ela em breve bateria a minha porta não hesitei em pôr-me de pé. Não era a primeira vez que eu presenciava este tipo de situação acontecer, e se não fosse por eu ter vivenciado algo parecido mesmo antes diria que seria aquela estranheza que as pessoas chamam de "déjà vu". Eu já poderia prever quase todas as palavras que minha mãe diria nos segundos seguintes - Você já tomou banho? Comeu? Escovou os dentes? - e eu responderia - Já. Peraí. Já vou. Enquanto isso, meu pai certamente estaria levando as bagagens prontas para a mala afim de adiantar o "serviço" para que não atrasássemos os planos de horários da viagem que pelo que eu já conhecia das anteriores duraria cerca de dois dias, considerando que pararíamos para almoçar e dormir.
Desde que me entendo por gente as viagens costumavam funcionar assim: sempre aquele desnecessário estresse até que todos estivessem estabelecidos em seus assentos e o motor do carro em funcionamento. Naturalmente, eu fazia alguns planos para a viagem. Por vezes estes planos eram de ler algum livro, escrever alguma história ou mesmo só ouvir música. Mas querendo ou não, nenhum deles funcionava cem por cento. Ler era cansativo. Primeiro porque de madrugada era escuro, e segundo porque os balanços do carro e a iluminação do sol na cara geralmente me davam enjôos e eu não conseguia passar do primeiro capítulo. Quem dirá escrever com tantos buracos na estrada que faziam com que o carro ficasse balançando de um lado para outro e ao invés de palavras o que a caneta gravava no papel eram tortos traços o que me faziam perder a paciência e desistir do planejamento. Sendo que todas estas tentativas de fazer passar o tempo mais rápido eram conseqüências do término da carga da bateria do meu aparelho de música, dito "emepetrês". O irônico e até engraçado era pensar que mesmo sabendo de experiências anteriores que não daria certo eu continuava com a mesma tática de fazer o tempo passar rápido, isto é, quando eu não estava dormindo, e acho que esta sim é a mais eficiente forma de não "ver" o tempo passar.
A vantagem de se viajar de carro, saindo de madrugada, era poder ver a cidade dormindo, uma tranqüilidade. Poucos veículos circulando pelas ruas, sinalizações abertas para ultrapassagens, desde que com segurança também, é claro. Muito diferente do que costumamos observar dia-a-dia: horrorosas buzinas "zumzumzando" nos ouvidos, ciclistas na contramão, motoristas de ônibus enlouquecidos - só pode! - jogando o veículo para cima dos carros de menor porte achando que pelo seu tamanho tem o direito de "dominar" as ruas como se fossem de sua exclusividade e sem mencionar aquele calor que por força de expressão faria suar até os cabelos. Para quem apenas conhece as ruas de Belém quando estão adormecidas e nunca presenciou uma cena como esta na vida é capaz de se surpreender ao raiar do dia. Mas morar em Belém tinha suas vantagens. Eu não precisaria acompanhar o noticiário da manhã para saber das previsões do tempo - ou chove todo dia, ou chove o dia todo - o que me fazia sentir dotada de certo conhecimento empírico.
Quando pela segunda vez minha mãe voltou a me perguntar se eu já havia escovado os dentes, eu descia com a mala pelas escadas me apoiando no corrimão. A resposta para mim era óbvia, do contrário eu não estaria descendo com a bagagem fechada. Entretanto, para evitar conflitos num momento de estresse, já dito, desnecessário eu apenas respondi - Sim. Em poucos minutos a mala do carro já estava fechada, pronta, bagagens, isopor com as bebidas e gelo, sacos plásticos contendo os mais variados biscoitos e salgadinhos de pacote.

(...)

Peças

Parto-me em milhares de pedaços, me vêem como um quebra-cabeça incompleto. Aquele ser inútil sem qualquer funcionalidade que nem para ser apreciado serve. Minhas peças faltosas são as mais belas, que expõem exatamente a sincera imagem de minh’alma, que, entretanto, ainda continuam perdidas... Dependo de pequenos destroços de cores homogêneas sem identificação, uma borda obscura de alguém que não sou. E se não sou, os que vêem não enxergam. Aquele raio luminoso esqueceu-se de passar por mim, e se passou, não exatamente passou também. Provavelmente, perdeu-se em meio às peças perdidas, talvez a procura delas, mas nunca me encontrou. Meus dias, esquecidos em qualquer manhã ou noite, permanecem em pedaços incompletos de um grande jogo sem claros objetivos. Não mais aguardo, aguardei, me guardo para preservar ainda os pequenos pedaços de mim, pois não desejo seu fim - mofado em algum canto, desconhecido, fechado e úmido. Muitas já se incharam de chuvas... Muitas morreram. As secas... São elas chamadas de arranhadas, ímpares, e são, principalmente, as resistentes... As belas, que dirá delas... Seu encaixe perdido só será visto quando à sua procura forem realmente.

13 dezembro 2009

Tarde de Domingo

Consumo estes amargos minutos adocicados externamente com chocolate escrevendo por tantos outros que já se foram intimamente almejando que depois as mesmas palavras esculpidas sejam gravadas num eu inconsciente ausente de lágrimas e dor e que lá fiquem pela eternidade.
Sabe que escrever com fone de ouvido é como se a música estivesse dentro da mente...

12 dezembro 2009

Sete dígitos

Pedalar é como desobstruir um caminho vazio rumo às portas de um colossal mundo de idéias. Pedalar é muito mais do que uma simples ação mecânica dos músculos. É descobrir-se diante de um eu que não se conhece. Assim foi que minhas férias começaram... Como os meus vizinhos preguiçosos que só levantam de manhã para buscar o jornal do dia, eu perdia grande parte do dia deitada em cima da cama, afinal, tinha feito enorme ‘esforço’ durante o ano inteiro para me dedicar a alguns dias de ócio. Os primeiros dias eram maravilhosos. Passava as manhãs, tardes e possivelmente as noites também, com o controle remoto em mãos que me permitia com curtos movimentos alterar objetivamente a imagem projetada na tela que eu gostaria de enxergar. No último natal eu havia comprado uma televisão digna de se assistir filmes com a mesma emoção do cinema, era como se eu estivesse em tempo real no mesmo ambiente que os atores, além do fantástico som que ela emitia – só faltava ela conversar comigo – assim eu brincava. Normalmente eu já estava fazendo propaganda do produto quando meus familiares apareciam eventualmente para me visitar. Depois da primeira semana, a televisão já se tornara algo obsoleto para meus olhos, apesar da variedade de filmes, seriados e noticiários - chega uma hora que tudo isso cansa. Mas se não fosse a minha enorme falta do que fazer talvez eu não tivesse visto um comercial que certamente faria diferença dias mais tarde. “Venha participar da corrida de bicicletas...”, neste momento meus olhos estavam dispersos, pensando no que teria para o almoço já que a inércia era muita para me fazer levantar e preparar algo gostoso, então decidi que pediria a comida pelo telefone, domingo, muitos restaurantes abertos e principalmente com entrega grátis acima de um valor x. Talvez fosse até mais prático pedir comida para a semana inteira, mas seria abusar demais do meu cartão de crédito que já estava no limite do vermelho devido a compras que eu tinha feito dois meses atrás em uma inesperada viagem a casa de uns amigos. Quando voltei a atenção ao comercial vi apenas uma imagem da corrida de bicicletas do ano anterior, pessoas suadérrimas com roupas enumeradas pedalando em direção a uma linha amarela, e um número extremamente atraente que por sinal era o valor do prêmio do vencedor da corrida. Se não fosse por este número de sete dígitos, uma potência de seis, eu teria esquecido o comercial em poucos segundos, mas o locutor continuava insistentemente a comentar o valor “um milhão de dinheiros” – a parte dinheiros fui eu, só para enfatizar que o prêmio era em dinheiro quando liguei para minha mãe avisando que eu não iria passar o final de semana em sua casa porque precisava urgentemente aprender a andar de bicicleta. O que me fazia parecer uma criança perdida, já que na minha infância eu sempre inventara desculpas, das mais fajutas até, para evitar colocar os pés num pedal. Não me recordo direito porque eu negava a palavra bicicleta com tanta força, mas estou quase certa de que foi por histórias que me contavam sobre acidentes horríveis, cabulosos, tenebrosos envolvendo o veículo de duas rodas. Quem sabe ainda existisse esperança para mim? Entretanto, disposição para aprender, hoje, não me faltava e ainda mais com aquela motivação em particular de sete dígitos de dinheiros que me possibilitaria transferir os débitos do meu cartão que estava quase no vermelho para o verde. E como dinheiro nunca é problema, se visse a calhar mais alguns tostões para apreciar um pouco mais dessa vida eu o faria evidentemente.

Budapeste

'Deveria ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira...'
Assim se inicia o romance de Chico Buarque chamado Budapeste (2003).

Quando decidi voltar a ler livros não-relacionados a Física não imaginei que fosse ser pega por este. Estive algumas horas vasculhando diversos e-books pela internet, pois minha pretensão era ler algumas páginas iniciais e se por ventura me agradasse eu iria juntar 'alguns trocados' e logo o compraria. Então foi desta maneira que encontrei 'Budapeste'...

Tenho uma grande admiração pelas canções do Chico Buarque, o modo como ele as compõe e interpreta foram, de fato, fatores fundamentais para que eu me interessasse pelo seu trabalho. No entanto, eu nunca havia lido nada além do mesmo, pelo menos nada que eu me lembre, mas com certeza se tivesse lido lembraria.

Então, vamos ao que interessa! O autor, Chico Buarque, começa o romance em primeira pessoa, neste caso o nosso protagonista - José Costa. José Costa é um escritor anônimo e gosta de sê-lo - certamente ver outrem recebendo elogios por seus trabalhos é algo que lhe deixa bastante vaidoso. Este ponto em particular foi novidade também para mim, talvez por ingenuidade (quem sabe) nunca quisitei a idéia de escrever para outra pessoa se assumir como criador, mas, é claro, é uma possibilidade que existe e não creio que esteja tão distante...

O livro passa por rápidas mudanças de cenário e isso requer atenção durante a leitura, algumas vezes eu tive que reler para me situar bem na história, um desvio de atenção pode ser o início de um caminho de mal entendidos. Acho até que 'Budapeste' pela sua natureza diferenciada deve ser relido quantas vezes for necessário para se compreender e enxergar melhor o que o autor quer propor ao leitor. Digo isto por experiência própria que ao tentar escrever sobre o livro sinto que uma leitura apenas é tão pouco comparado ao todo, por isso não devo me estender e deixar em aberto os ínfimos detalhes para que um curioso leitor sinta-se instigado a procurar mais.

Para finalizar recorto um comentário em particular do Saramago sobre o livro:

Chico Buarque ousou muito, escreveu cruzando um abismo sobre um arame, e chegou ao outro lado. Ao lado onde se encontram os trabalhos executados com mestria, a da linguagem, a da construção narrativa, a do simples fazer. Não creio enganar-me dizendo que algo novo aconteceu no Brasil com este livro”.

Foto: Filme 'Budapeste', José Costa e Chico Buarque.

Para quem não gosta de ler (triste) ainda existe a opção do filme que também é ótimo! No youtube é possível encontrar o trailer.

09 dezembro 2009

Corda no pescoço?

Final de semestre é sempre um sufoco! Tô cheia de coisas para entregar: trabalhos, relatórios, dissertação, ..., além das 'provinhas'. Realmente estou torcendo para que isto acabe o mais rápido possível. Esta crescente agonia de se livrar de todo esse estresse e dormir em paz tem me deixado com mais vontade de ver 2010 chegar. Espero, no entanto, que tudo acabe BEM. Ou seja, que eu consiga organizar todos os meus afazeres sem deixar a desejar quanto a qualidade dos mesmos...

08 dezembro 2009

O mundo nos sabota.

Sábias palavras que editastes sem tinta alguma foram sendo escritas sobre meus lábios há muito tempo intocados e rapidamente tocados de amor. Quem dera eu pudesse conceber toda a experiência que sentia ao me afogar em teus braços, suados, cansados, mas ainda sim dispostos de paixão e desejo. Queria poder levar-te comigo a um deserto abrigo onde fossemos apenas eu e você, e o mundo distante lá permanecesse dentro de suas próprias amarguras e inseguranças, repleto de sentimentos indesejáveis, assim as terras infertéis não impediriam o futuro próspero de um sonho bonito. O nosso sonho. Sonho talvez mais desejado por mim do que por ti que neste mundo conhecido por ti há mais tempo o mundo o tenha sugado como sangue uma sanguessuga. Ainda corro com um semblante teu estampado no peito e que não cessa. E quiça cessará se me deixar...

06 dezembro 2009

Prenda-me a atenção.

"Venha conhecer o mundo: amor, paixão, alegria e suor purpurinado (...)"

Assim dizia o palhaço tentando atrair o público ao seu estabelecimento empobrecido de beleza mas cheio de vigor. O tempo que me era preciso não foi motivo suficiente para que eu ignorasse o anúncio caloroso e continuasse a caminhar em direção as minhas cotidianas e corriqueiras atividades.

Num primeiro momento não compreendi o que aquele pobre homem buscava - certamente não teria êxito - pensei. As pessoas não pareciam se importar com as chamadas, continuavam a seguir seus caminhos como se fossem surdas. Talvez aquele movimento fosse tão comum que não atraía mesmo a atenção de mais ninguém.

Era notável o olhar do pobre homem tentando encontrar forças para continuar sorrindo... Apesar da minha sensível percepção de alguns comportamentos, jamais eu poderia sentir o que aquele senhor sentia. Suas experiências de vida eram bem diferentes das minhas, é claro, e provavelmente por trás de toda aquela maquiagem colorida havia rugas e um olhar preto e branco do mundo...

É possível também que eu estivesse errada, quem sabe? Nunca tive a coragem de me aproximar dele e perguntar sobre o real motivo de tudo aquilo, toda aquela alegria forçada se eu mesma não conseguia enxergar mobilização externa nenhuma.

Apenas sei que os cinco longos minutos que fiquei observando atentamente o suor purpurinado escorrendo pelo rosto do pobre homem alimentando um sorriso persistente me fizeram crer que cada vez mais somos pontos disassociados, distantes, distintos que não se misturam que não vivem, apenas sobrevivem a uma falsa realidade esquecendo o que é mais importante da vida, não um jogo de interesses ou corriqueiras situações de engrandecimento egoísta e mesquinho, mas sorrisos sinceros e ainda mais um olhar diferente reflexivo e com esperança...

05 dezembro 2009

Mais uma criação...


...sem o menor sentido! E ainda por cima CEGANTE.

Quem sou?

Tem dias que eu queria nunca ter parado de escrever. Quando eu vejo meu blog inativo for tanto tempo eu penso o quão distante eu estive de m...