20 novembro 2010

Violin Romance

Tento acompanhar as notas do violino com a boca semi-fechada soprando o ar - de dentro para fora – e o forçando a vibrar. Quando falho, observo minhas mãos involuntariamente percorrendo trajetórias de idas e vindas, dançando pelo ar. Os picos da freqüência excitam meus pêlos como se estivessem submetidos a uma diferença de potencial. Fecho as cortinas que protegem minhas pupilas para não dispersar a atenção. Extraordinário.

18 novembro 2010

Quem ensina a pensar?

Semana passada, perguntaram-me se eu poderia ensinar física. Algumas aulas particulares visando às avaliações finais de escola. Sempre que recebo um “convite” destes fico com receios, já que na maioria das vezes eu, na função de professora, e os alunos temos objetivos que divergem. Quando penso no ensino de física visualizo a contextualização histórica, os motivos que propiciaram o desenvolvimento das teorias, as idéias que precederam e os “insights”. Existe um raciocínio valioso ao estabelecer as leis regidas pela natureza. No entanto, em quase cem porcento dos casos que estive submetida ao processo de lecionar física a pergunta que mais faziam era “Quais são as fórmulas que eu preciso decorar?”.

Sempre depreciei o ato decorativo em relação à aprendizagem. Talvez seja por este motivo que nunca me dei muito bem em ciências biológicas. Mas, o erro resiste na crença de que se pode apreender física decorando fórmulas. Aliás, o dicionário Aurélio mantém clareza (e coerência) ao expor o significado do verbo “apreender
Assimilar mentalmente; entender, compreender.
Não vejo o verbo "decorar" como sinônimo. Entretanto, continuamos a presenciar um processo que classifico como imutável por questões de magnitude superior, ou seja, os seres engajados de conhecimento, ditos professores, dificilmente ensinam o aluno a pensar.

Podem jogar os diplomas no lixo e de preferência numa cesta azul, assim recicla o papel. Não há necessidade de professores que só saibam reproduzir na lousa as fórmulas que podem ser obtidas por meio da leitura de qualquer livro didático. O interessante é que o estudante apático engole um maço de equações matemáticas, cuja origem tem um motivo, sem ao menos questionar. Seria engraçado se não fosse triste. Agora, eu pergunto: será que a escola inicia a formação de seres pensantes?! Se não, pra quê serve?

Certamente, o ato de ensinar a pensar é muito mais complicado do que parece na teoria. Complicado porque exige tempo, paciência, treino. O importante é desde cedo instigar o senso crítico por meio de questionamentos. Fomentar a não aceitação qualquer coisa imposta sem justificativa. A real compreensão de uma idéia parte do auto-convencimento. Se o aluno não consegue se convencer acaba caindo no mal do estudo decorativo. Caso não esqueça do assunto que decorou ainda assim será incapaz de resolver problemas mesmo que com leves variações dos quais decorou.

Novamente,
Quais são as fórmulas que eu preciso decorar?
Nenhuma se você tiver compreendido a essência do conteúdo.
Por fim, não serei injusta em dizer que nunca tive bons professores. Tive sim. Mas, continuo a dizer que é um evento disperso num conjunto de muitas situações dramáticas.

16 novembro 2010

Pensando sobre "Saw"

Finalmente! Sim, finalmente.

Terminei de assistir a série de sete filmes de Jogos Mortais (Saw, título em inglês). Nunca imaginei que ficaria tão ansiosa para descobrir qual seria o desfecho da história. Não gostaria de explicitamente falar sobre cenas ou sobre o enredo do filme, e o motivo é porque há pessoas que ainda não assistiram e podem querer assistir. Então, resolvi fazer diferente: uma crítica sobre a “idéia” que construí a cerca do filme.

Jogos mortais até pouco tempo não era um filme que eu cogitava na minha lista de entretenimento, e posso dizer o porquê. A primeira vez em que ouvi falar do filme eram pessoas comentando sobre a brutalidade de algumas cenas. Umas diziam “você não vai conseguir assistir, é muito cruel”, ou “tem muito sangue, blá blá blá”. Foi aí que pensei: “Ora, deve ser mais uma coletânea como o massacre da serra elétrica. Um louco aparece do vácuo (vulgo “nada”) e começa a matar todas as pessoas que encontra sem ao menos ter um motivo. A maioria dos filmes de terror é assim: só sangue. Sem contar com o fator principal, o assassino é irritantemente imortal. Pode ser atingido por um canhão e ainda permanecerá em pé.” Mas, eu estava enganada.

Após assistir o primeiro filme, num estalo, minha curiosidade para saber a real idéia que estava por trás de toda aquela carnificina fez com que eu assistisse os demais filmes. Achei muito fascinante o link que os criadores desta série fizeram entre os sete filmes. Uma arquitetura desafiadora e bem lógica. Não se trata de deixar subentendido como muitos fazem, mas de revelar a cada passo uma situação que estava oculta e que se encaixa perfeitamente. A estrutura de pensamento, realmente, impressiona.

Entendo, também, que há mais ensinamentos do que a maioria das pessoas consegue enxergar. Talvez seja por isso que muitas pessoas não tenham gostado. A minha leitura sobre a história considera a carnificina como uma forma de expressão bastante forte para atrair o leitor a considerações mais importantes. Essas considerações são expostas por meio das vítimas capturadas, pelo perfil que elas exibem. Talvez eu esteja errada, porém é a maneira que visualizo.

Um pouco de “spoiler” a seguir:

Jigsaw (personagem principal) quando escolhe as vítimas justifica que as mesmas não sabem valorizar a vida que tem. O interessante é que o mesmo julga essas vítimas não merecedoras da vida pela maneira como elas interagiram e interferiram em sua vida. Reabilitação, ele diz. Mas, vejo também uma pitada de vingança em toda essa história. Dessa maneira, ele poderia ser vítima do seu próprio jogo. Negar os defeitos do ser humano e querer contemplar uma sociedade perfeitamente organizada, onde tudo funcione bem, é uma visão muito sonhadora. Crítico não a visão, e sim a solução que ele encontra para “salvação” dessas pessoas. É como dar uma de Deus e julgar a todos – sem ser julgado. Reconheço que é o Jigsaw é um personagem bem construído, com um caráter fortíssimo e pensamentos bem definidos, e que apesar de toda insanidade de seu jogo, ele é fiel as regras. Como se o jogo fosse a grande lei para a sobrevivência do ser humano, tornando a violação do mesmo um pecado.

Com isto, finalizo um pouco do que observei ao assistir a série de filmes dos Jogos Mortais.

13 novembro 2010

Cantar a beleza de ser um eterno aprendiz!

Há momentos em nossa vida que nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido da mesma. Somos treinados desde que nascemos a percorrer um caminho seqüencial. As escolhas (ditas mais importantes) que fazemos, são, em sua maioria, relacionadas com o futuro. Estudar hoje para amanhã ter um trabalho digno. Abandonar amores por “não haver futuro”. Essas são as mais comuns.

Poucos dias atrás experimentei a sensação de não saber o que dizer. Fui surpreendida por um colega que se aproximou para desabafar. Precisava de alguém para ouvi-lo por mais que não houvesse resposta. Ele contou-me que havia perdido um amigo. Senti a mente vazia “o que dizer para dor de uma perda?”. Ninguém espera ter de lidar, subitamente, com a morte de um ente querido. Disse, ainda, que havia falado com o amigo no dia anterior pelo telefone, e que ele aparentava cansaço. O rapaz veio a falecer enquanto dormia, parada respiratória. Eu não conhecia o rapaz. Não sou muito próxima deste meu colega, também, mas a situação veio a desencadear uma série de pensamentos em minha mente nos próximos dias.

Não é errado pensar sobre o futuro, afinal, cada um de nós deve sonhar com realizações que por algum motivo não podem ser imediatas. O errado é viver em função de um futuro, e que não é certo. Aliás, qual futuro é?

O intrigante do ser humano é que ele vive como se fosse viver eternamente. Sempre adiando, e adiando. Desde coisas simples como ler um livro, ligar para um amigo, até situações mais complexas como resolver um mal entendido. Todos nós sabemos que somos seres limitados, que nossa existência é finita, mas pouquíssimos de nós realmente conseguem incorporar essa concepção. A morte é uma idéia obscura a qual evitamos pensar. Quantas vezes você já não foi repreendido ao fazer um comentário sobre a morte?

A reflexão da nossa limitada existência não é ruim. Pelo contrário, nos engrandece. Começamos a imaginar o que é prioridade em nossas vidas. Valorizamos o que é importante e descartamos os males que nos corroem por dentro.

Lembro de quando me diziam “faça o que você gosta de fazer ou pelo menos goste do que você faz”. Nosso esforço pode ser em “vão” – estudar algo que não se gosta pela motivação financeira e “futura”. Desperdiçar o presente com inquietações e tornar a própria vida desprezível como se fosse possível reiniciá-la como num jogo de videogame. Reciclar é possível, constituir uma nova maneira de pensar. Mas, reiniciar não. Não há como tocar no tempo vivido - retirar as palavras ditas, as ações cometidas - tampouco no tempo futuro.

O único “tempo” que temos em mãos é aquele presente. No presente é que devemos pensar, e a vida passa a fazer mais sentido quando pensamos no presente. Fazer o que se gosta pelo prazer de estar vivendo a situação.

11 novembro 2010

Comentários dispersos

Tive uma idéia, não é brilhante, mas certamente será interessante para mim e quem sabe para meus “leitores anônimos”. Resolvi que vou destinar um dia da semana para escrever algo, uma resenha, crítica, curiosidade sobre física, já que sou estudante de graduação. E, este dia será sexta-feira, pois creio que terei mais flexibilidade. Prometo tentar tratar dos temas de maneira compreensiva e prazerosa. Sei que muita gente gosta de passar longe desta ciência, e, atribuo este fato a como a física tem sido ensinada nas escolas. Eu também demorei a gostar e cá estou estudante de física do penúltimo ano. Passou realmente muito rápido... Então, sexta-feira, venho concretizar minha proposta.

Outra coisa. Fiquei muito contente com dois convites de desenhos meus hospedados no site do DeviantArt para participar de uma galeria do site mesmo #ArtsExplore. Para conferir alguns de meus desenhos só clicar. Tenho conta no site desde 2005, mas as atualizações estão um tanto distantes no tempo. Ainda preciso colocar outros desenhos que tenho no computador...

Como o título da postagem sugere, nada específico hoje.

Editado (15.11) : O texto sobre física devo colocar na próxima sexta por motivos pessoais. :)

08 novembro 2010

Ortopneia

Esbarram-se na divisória: uma inversão de papéis. O desalento deixou de doer como insultava. A prévia e fixa idéia que corroía dia após dia sustentou o gatilho aproximando a atenção tal como uma função exponencial crescente.

06 novembro 2010

Música popular brasileira

O dia tão esperado chegou, e foi ontem: show do Toquinho e MPB-4.


Nunca imaginei que fosse ter a oportunidade de ver esses dois grandes nomes da música popular brasileira juntos em um espetáculo. Com certeza foi um show inesquecível, com um repertório magnífico de dar saudade: chico buarque, toquinho, vinicius de moraes, tom jobim, cazuza etc.

MBP-4 começou o show com elegância, contando histórias entre os intervalos das músicas; bem humorados e com muita energia. Nada de Toquinho até então. Quando ele entrou em palco, inesperadamente, senti uma emoção sem igual. Tenho demasiado respeito e admiração por este músico.

No final ainda comprei o dvd do show que por sinal foi autografado pelo MPB-4. Também consegui uma foto. Queria ter visto o Toquinho de perto, mas não foi possível - infelizmente. Agora é só esperar que raridades como esta voltem a Belém, porque é muito difícil ter shows deste gênero por aqui.


04 novembro 2010

Uma visão sobre Dr. Jekyll

Numa madrugada, mês de Outubro ou Setembro, enquanto procurava por uma distração na tevê, já que o sono não vinha, deparei-me com um filme um tanto curioso. Sem saber o nome dele, pois não aparecia na tela depois do retorno dos comerciais, fiquei intrigada pela história. No dia seguinte, comentei com a minha mãe o enredo e como sucediam os fatos de maneira que ela pôde me dizer qual era o nome do bendito filme. Descobri que tinha assistido a um clássico de que sempre ouvi falar, mas nunca tinha tido a motivação necessária para procurar saber do que se tratava de fato. Este filme era "O médico e o monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde)" numa versão mais recente de 2008. Pelo nome "O médico e o monstro" minha mente exibia uma versão diferenciada do "Frankstein". Acredito que por isto nunca exibi desejo em conhecer a história em si. Por outro lado, o filme me motivou a buscar a fonte de sua construção. Comprei o livro pouco tempo depois, apesar de não ter tido tanto afinco para lê-lo rápido.

Agora, terminando de ler o livro "O médico e o monstro" sinto desconforto. Diferentemente do que costumam difundir por aí de que os livros sempre superam os filmes, não creio que eu tenha ficado satisfeita com a comparação que fiz. Não estou dizendo também que o livro é ruim. Na realidade, eu aguardava obter mais detalhes sobre a fascinante história do Dr. Jekyll. Devo confessar que o personagem me atraiu bastante pelo desejo que desdobrar o ser humano em duas partes: um ser bom e outro mal. Para quem não conhece a história, um primeiro olhar pode ser preconceituoso, pois reconheço que histórias baseadas em seres completamente bons ou ruins fogem da nossa realidade e partem para um plano puramente divino. Não há como dar muita credibilidade, principalmente se você segue a rigor uma visão crítica e seca do mundo, a histórias cujo o tema principal seja a divisão dessas duas "personalidades".

Retomando o meu foco de admiração. Novamente, considero o Dr. Jekyll ingênuo, mas deixo que a justificativa paire sobre a época que viveu o personagem. Se hoje a religião influencia a vida das pessoas que dirá naqueles tempos (o livro foi publicado inicialmente em 1886).

Pois bem! Mas, vamos ao motivo que me desconforta ao comparar o livro e o filme. Posso dizer que é motivo semelhante ao fato de as pessoas não reconhecerem o 'superman' por causa de um mísero óculos. O que fica estranho para um livro que não parecia embasar-se em tanta ficção é que o Dr. Jekyll quando se transforma em sua própria cobaia parece mudar de forma fisicamente. Vamos destrinchar este detalhe que é o mais intrigante do livro.

Devido a falta de recursos para dar consistência a sua pesquisa ele resolve que deve tratar o problema sozinho. Como separar seu "eu" em duas partes? A resposta logo veio com a química. Era contemplado em sua casa por um laboratório e nele fazia algumas misturas. No livro fala-se de pó branco, no filme parece que ele utiliza cocaína, não estou certa disto, mas parece. Outra diferença, é que no filme ele costuma injetar diretamente na veia a mistura e já no livro ele bebe - entretanto, essa diferença é o que menos incomoda. Sim, continuando. Profundamente a mudança de forma (estatura, pêlos, cabelos, etc.) que ele adquiri me causa desconforto. Uma "simples" mistura química, sendo bem seca com a realidade, não causaria nenhuma mudança desse tipo de caráter provisório. Digo isto, por que ele sim poderia "mudar" em alguns aspectos como perder os cabelos, mas seria uma mudança real e fixa, não algo passageiro por uma poção mágica. As pessoas não reconhecem a sua mudança, Mr. Hyde, como o próprio Dr. Jekyll. No filme, a adaptação foi mais sutil. É possível reconhecer o Dr. Jekyll, pois as mudanças são mais visíveis em termos de vestimentas e atitudes.

Enfim, apesar da minha chatice é uma boa história para se discutir temas como múltiplas personalidades; imagino que a idéia de mudar fisicamente o personagem era para deixar mais forte a noção de que devemos ser compostos por pessoas distintas e que por ventura poderiam ser desvinculadas uma da outra de maneira que viveriam independentes. Porém, como também fica claro nas conclusões do testemunho do próprio personagem: somos presos a um único corpo. A desvinculação de almas diferentes seria "inviável" para não dizer "impossível".

Ainda vai levar um tempo...

Pra fechar
O que feriu por dentro
Natural que seja assim
Tanto pra você
Quanto pra mim...

(...)

Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais...

01 novembro 2010

Eleições: gameover.


O presidente Luís Inácio Lula da Silva ganha seu presente de aniversário, e uma caricatura feita por mim também.

Quem sou?

Tem dias que eu queria nunca ter parado de escrever. Quando eu vejo meu blog inativo for tanto tempo eu penso o quão distante eu estive de m...