21 dezembro 2009

Utd - Parte I

Venho algum tempo, poquíssimo tempo, escrevendo o texto abaixo. A história já possui um título provisório, porém, afim de não apressar as coisas resolvir colocá-lo aqui como Utd que seria na verdade "untitled". Não há muitas reviravoltas, nem fortes emoções, até porque é um texto ainda incompleto, mas busco apresentar algumas situações rotineiras de uma garota que por enquanto também permanece sem nome. Enfim, sem mais demoras, gostaria que ao término deixassem comentários, críticas construtivas, se possível...

Utd - PARTE I

Acordei no meio da madrugada com as luzes do corredor já acessas e alguns resmungos de minha mãe que tentava acordar meus dois irmãos, no outro quarto, que ainda queriam permanecer dormindo. O céu ainda escuro me deixava com mais preguiça de levantar, mas sabendo que ela em breve bateria a minha porta não hesitei em pôr-me de pé. Não era a primeira vez que eu presenciava este tipo de situação acontecer, e se não fosse por eu ter vivenciado algo parecido mesmo antes diria que seria aquela estranheza que as pessoas chamam de "déjà vu". Eu já poderia prever quase todas as palavras que minha mãe diria nos segundos seguintes - Você já tomou banho? Comeu? Escovou os dentes? - e eu responderia - Já. Peraí. Já vou. Enquanto isso, meu pai certamente estaria levando as bagagens prontas para a mala afim de adiantar o "serviço" para que não atrasássemos os planos de horários da viagem que pelo que eu já conhecia das anteriores duraria cerca de dois dias, considerando que pararíamos para almoçar e dormir.
Desde que me entendo por gente as viagens costumavam funcionar assim: sempre aquele desnecessário estresse até que todos estivessem estabelecidos em seus assentos e o motor do carro em funcionamento. Naturalmente, eu fazia alguns planos para a viagem. Por vezes estes planos eram de ler algum livro, escrever alguma história ou mesmo só ouvir música. Mas querendo ou não, nenhum deles funcionava cem por cento. Ler era cansativo. Primeiro porque de madrugada era escuro, e segundo porque os balanços do carro e a iluminação do sol na cara geralmente me davam enjôos e eu não conseguia passar do primeiro capítulo. Quem dirá escrever com tantos buracos na estrada que faziam com que o carro ficasse balançando de um lado para outro e ao invés de palavras o que a caneta gravava no papel eram tortos traços o que me faziam perder a paciência e desistir do planejamento. Sendo que todas estas tentativas de fazer passar o tempo mais rápido eram conseqüências do término da carga da bateria do meu aparelho de música, dito "emepetrês". O irônico e até engraçado era pensar que mesmo sabendo de experiências anteriores que não daria certo eu continuava com a mesma tática de fazer o tempo passar rápido, isto é, quando eu não estava dormindo, e acho que esta sim é a mais eficiente forma de não "ver" o tempo passar.
A vantagem de se viajar de carro, saindo de madrugada, era poder ver a cidade dormindo, uma tranqüilidade. Poucos veículos circulando pelas ruas, sinalizações abertas para ultrapassagens, desde que com segurança também, é claro. Muito diferente do que costumamos observar dia-a-dia: horrorosas buzinas "zumzumzando" nos ouvidos, ciclistas na contramão, motoristas de ônibus enlouquecidos - só pode! - jogando o veículo para cima dos carros de menor porte achando que pelo seu tamanho tem o direito de "dominar" as ruas como se fossem de sua exclusividade e sem mencionar aquele calor que por força de expressão faria suar até os cabelos. Para quem apenas conhece as ruas de Belém quando estão adormecidas e nunca presenciou uma cena como esta na vida é capaz de se surpreender ao raiar do dia. Mas morar em Belém tinha suas vantagens. Eu não precisaria acompanhar o noticiário da manhã para saber das previsões do tempo - ou chove todo dia, ou chove o dia todo - o que me fazia sentir dotada de certo conhecimento empírico.
Quando pela segunda vez minha mãe voltou a me perguntar se eu já havia escovado os dentes, eu descia com a mala pelas escadas me apoiando no corrimão. A resposta para mim era óbvia, do contrário eu não estaria descendo com a bagagem fechada. Entretanto, para evitar conflitos num momento de estresse, já dito, desnecessário eu apenas respondi - Sim. Em poucos minutos a mala do carro já estava fechada, pronta, bagagens, isopor com as bebidas e gelo, sacos plásticos contendo os mais variados biscoitos e salgadinhos de pacote.

(...)

Um comentário:

  1. Ótimo o texto, a viegem a que ele nos leva pela cidade silenciosa de madrugada pra mim foi melhor parte! mas até agora nada que prendesse a atenção!

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