04 novembro 2010

Uma visão sobre Dr. Jekyll

Numa madrugada, mês de Outubro ou Setembro, enquanto procurava por uma distração na tevê, já que o sono não vinha, deparei-me com um filme um tanto curioso. Sem saber o nome dele, pois não aparecia na tela depois do retorno dos comerciais, fiquei intrigada pela história. No dia seguinte, comentei com a minha mãe o enredo e como sucediam os fatos de maneira que ela pôde me dizer qual era o nome do bendito filme. Descobri que tinha assistido a um clássico de que sempre ouvi falar, mas nunca tinha tido a motivação necessária para procurar saber do que se tratava de fato. Este filme era "O médico e o monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde)" numa versão mais recente de 2008. Pelo nome "O médico e o monstro" minha mente exibia uma versão diferenciada do "Frankstein". Acredito que por isto nunca exibi desejo em conhecer a história em si. Por outro lado, o filme me motivou a buscar a fonte de sua construção. Comprei o livro pouco tempo depois, apesar de não ter tido tanto afinco para lê-lo rápido.

Agora, terminando de ler o livro "O médico e o monstro" sinto desconforto. Diferentemente do que costumam difundir por aí de que os livros sempre superam os filmes, não creio que eu tenha ficado satisfeita com a comparação que fiz. Não estou dizendo também que o livro é ruim. Na realidade, eu aguardava obter mais detalhes sobre a fascinante história do Dr. Jekyll. Devo confessar que o personagem me atraiu bastante pelo desejo que desdobrar o ser humano em duas partes: um ser bom e outro mal. Para quem não conhece a história, um primeiro olhar pode ser preconceituoso, pois reconheço que histórias baseadas em seres completamente bons ou ruins fogem da nossa realidade e partem para um plano puramente divino. Não há como dar muita credibilidade, principalmente se você segue a rigor uma visão crítica e seca do mundo, a histórias cujo o tema principal seja a divisão dessas duas "personalidades".

Retomando o meu foco de admiração. Novamente, considero o Dr. Jekyll ingênuo, mas deixo que a justificativa paire sobre a época que viveu o personagem. Se hoje a religião influencia a vida das pessoas que dirá naqueles tempos (o livro foi publicado inicialmente em 1886).

Pois bem! Mas, vamos ao motivo que me desconforta ao comparar o livro e o filme. Posso dizer que é motivo semelhante ao fato de as pessoas não reconhecerem o 'superman' por causa de um mísero óculos. O que fica estranho para um livro que não parecia embasar-se em tanta ficção é que o Dr. Jekyll quando se transforma em sua própria cobaia parece mudar de forma fisicamente. Vamos destrinchar este detalhe que é o mais intrigante do livro.

Devido a falta de recursos para dar consistência a sua pesquisa ele resolve que deve tratar o problema sozinho. Como separar seu "eu" em duas partes? A resposta logo veio com a química. Era contemplado em sua casa por um laboratório e nele fazia algumas misturas. No livro fala-se de pó branco, no filme parece que ele utiliza cocaína, não estou certa disto, mas parece. Outra diferença, é que no filme ele costuma injetar diretamente na veia a mistura e já no livro ele bebe - entretanto, essa diferença é o que menos incomoda. Sim, continuando. Profundamente a mudança de forma (estatura, pêlos, cabelos, etc.) que ele adquiri me causa desconforto. Uma "simples" mistura química, sendo bem seca com a realidade, não causaria nenhuma mudança desse tipo de caráter provisório. Digo isto, por que ele sim poderia "mudar" em alguns aspectos como perder os cabelos, mas seria uma mudança real e fixa, não algo passageiro por uma poção mágica. As pessoas não reconhecem a sua mudança, Mr. Hyde, como o próprio Dr. Jekyll. No filme, a adaptação foi mais sutil. É possível reconhecer o Dr. Jekyll, pois as mudanças são mais visíveis em termos de vestimentas e atitudes.

Enfim, apesar da minha chatice é uma boa história para se discutir temas como múltiplas personalidades; imagino que a idéia de mudar fisicamente o personagem era para deixar mais forte a noção de que devemos ser compostos por pessoas distintas e que por ventura poderiam ser desvinculadas uma da outra de maneira que viveriam independentes. Porém, como também fica claro nas conclusões do testemunho do próprio personagem: somos presos a um único corpo. A desvinculação de almas diferentes seria "inviável" para não dizer "impossível".

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